Gostaria de dividir com a turma uma reportagem que li na Revista Nova
Escola, sobre a Família e a Escola.
A escola da família
Aproximar os pais do trabalho pedagógico é um dever dos gestores.
Conheça aqui 13 ações para essa parceria dar resultado
Gustavo Heidrich (novaescola@atleitor.com.br)
Está na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e no Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA): as escolas têm a obrigação de se
articular com as famílias e os pais têm direito a ter ciência do
processo pedagógico, bem como de participar da definição das propostas
educacionais. Porém nem sempre esse princípio é considerado quando se
forma o vínculo entre diretores, professores e coordenadores
pedagógicos e a família dos alunos (assista ao vídeo em que pais dão
suas opiniões sobre o relacionamento deles com a escola).
O relacionamento chega a ser ambíguo. Muitos gestores e docentes,
embora no discurso reclamem da falta de participação dos pais na vida
escolar dos filhos - com alguns até atribuindo a isso o baixo
desempenho deles - não se mostram nada confortáveis quando algum
membro da comunidade mais crítico cobra qualidade no ensino ou
questiona alguma rotina da escola. Alguns diretores percebem essa
atitude inclusive como uma intromissão e uma tentativa de comprometer
a autoridade deles. Já a maioria dos pais, por sua vez, não participa
mesmo. Alguns por não conhecer seus direitos. Outros porque não sabem
como. E ainda há os que até tentaram, mas se isolaram, pois nas poucas
experiências de aproximação não foram bem acolhidos e se retraíram.
No Brasil, o acesso em larga escala ao ensino se intensificou nos anos
1990, com a inclusão de mais de 90% das crianças em idade escolar no
sistema. Para as famílias antes segregadas do direito à Educação, o
fato de haver vagas, merenda e uniforme representou uma enorme
conquista. "Muitos pais veem a escola como um benefício e não um
direito e confundem qualidade com a possibilidade de uso da
infraestrutura e dos equipamentos públicos. Isso de nada adianta se a
criança não aprender", afirma Maria do Carmo Brant de Carvalho,
coordenadora geral do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação,
Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), em São Paulo.
A escola foi criada para servir à sociedade. Por isso, ela tem a
obrigação de prestar contas do seu trabalho, explicar o que faz e como
conduz a aprendizagem das crianças e criar mecanismos para que a
família acompanhe a vida escolar dos filhos. "Os educadores precisam
deixar de lado o medo de perder a autoridade e aprender a trabalhar de
forma colaborativa", afirma Heloisa Szymanski, do Departamento de
Psicologia da Educação da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo (assista à entrevista completa com Heloisa em vídeo)
Um estudo realizado pelo Convênio Andrés Bello - acordo internacional
que reúne 12 países das Américas - chamado A Eficácia Escolar
Ibero-Americana, de 2006, estimou que o "efeito família" é responsável
por 70% do sucesso escolar. "O envolvimento dos adultos com a Educação
dá às crianças um suporte emocional e afetivo que se reflete no
desempenho", afirma Maria Amália de Almeida, do Observatório
Sociológico Família-Escola, da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG).
Mas o que significa uma parceria saudável entre essas duas
instituições? Os pais devem ajudar no ensino dos conteúdos e os
professores no dos bons modos? Claro que não. A colaboração que se
espera é de outra ordem. "O papel do pai e da mãe é estimular o
comportamento de estudante nos filhos, mostrando interesse pelo que
eles aprendem e incentivando a pesquisa e a leitura", diz Antônio
Carlos Gomes da Costa, pedagogo mineiro e um dos redatores do ECA
(leia sobre o que a família pode fazer para ajudar na Educação dos
filhos no quadro abaixo). Para isso, é preciso orientar os pais e
subsidiá-los com informações sobre o processo de ensino e de
aprendizagem, colocá-los a par dos objetivos da escola e dos projetos
desenvolvidos e criar momentos em que essa colaboração possa se
efetivar.
Quando o assunto é aprendizagem, o papel de cada um está bem claro -
da escola, ensinar, e dos pais, acompanhar e fazer sugestões. Porém,
se o tema é comportamento, as ações exigem cumplicidade redobrada. Ao
perceber que existem problemas pessoais que se refletem em atitudes
que atrapalham o desempenho em sala de aula, os pais devem ser
chamados e ouvidos, e as soluções, construídas em conjunto, sem
julgamento ou atribuição de culpa. "Um bom começo é ter um diálogo
baseado no respeito e na crença de que é possível resolver a questão",
acredita Márcia Gallo, diretora da EME Professora Alcina Dantas
Feijão, em São Caetano do Sul, SP, e autora do livro A Parceria
Presente: A Relação Família-Escola numa Escola de Periferia de São
Paulo.
Visando ajudar você a dar os passos necessários para cumprir o dever
legal e social de ter um relacionamento de qualidade com as famílias,
NOVA ESCOLA GESTÃO ESCOLAR elaborou uma lista com 13 ações, que vão
desde o acolhimento no começo do ano letivo até as atividades de
integração social. Dê sua opinião sobre o assunto no final desta
página, em "comentários". A consultora Márcia Gallo responderá suas
dúvidas.
Os deveres da família
Até o século 19, a separação de tarefas entre escola e família era
clara: a primeira cuidava daquilo que à época se chamava "instrução",
que na prática era a transmissão de conteúdos, e a segunda se dedicava
à "Educação", o que significava o ensinamento de valores, hábitos e
atitudes. "A Era Moderna deixa nebulosa essa divisão do trabalho
educacional. Reconhecida como um valor de ascensão social para as
classes surgidas com a urbanização, a Educação passa a ser objeto de
atenção das famílias e as expectativas em relação à escola se
ampliam", diz Maria Amália de Almeida, da UFMG. Na prática, a escola
passou a ser reconhecida como um espaço de aprendizagem dos conteúdos
e de valores para a formação da criança. Assim, as fronteiras se
tornaram confusas. As responsabilidades da escola já foram detalhadas
na reportagem ao lado. Mas, o que se pode esperar das famílias, além
de que elas garantam o ingresso e a permanência das crianças em sala
de aula? Quando se sentem integradas, elas passam a participar com
entusiasmo das reuniões e se tornam parceiras no desafio de melhorar o
desempenho dos filhos. Com o intuito de indicar caminhos para a
participação mais efetiva das famílias, o projeto Educar para Crescer,
iniciativa da Editora Abril e da Universidade Anhembi Morumbi, vai
lançar a partir de 26 agosto o Guia da Educação em Família, que será
encartado em diversas publicações da editora. Esse material, assim
como o folheto Acompanhem a Vida Escolar dos Seus Filhos, do
Ministério da Educação, traz orientações simples sobre como os pais
podem trabalhar com a escola. Entre as dicas, estão:
- Ler para as crianças ou pedir para que elas leiam para eles.
- Conversar sempre com os filhos sobre assuntos da escola.
- Acompanhar as lições de casa e mostrar interesse pelos conteúdos estudados.
- Verificar se o material escolar está completo e em ordem.
- Zelar pelo cumprimento das regras da escola.
- Participar das reuniões sempre que convocados.
- Conversar com os professores.
Acolhimento
Ilustração: Sattu
Ilustração: Sattu
1. Apresentar a escola e os funcionários à família
Uma maneira de recepcionar e integrar
Convidar os pais para conhecer as instalações e, principalmente, a
equipe pedagógica e os funcionários é fundamental para que eles se
apropriem do espaço e se sintam à vontade para fazer parte dele. Esse
momento pode acontecer antes ou após a matrícula e serve para que os
gestores exponham o funcionamento e a rotina da escola e informem
sobre as atividades extraclasse. Explique a finalidade de cada
ambiente e a função dos profissionais que ali trabalham,
apresentando-os pelo nome. Aproveite para compartilhar as regras de
funcionamento previstas no Regimento Escolar. Ao comunicá-las aos
pais, abre-se um canal de diálogo sobre os direitos e deveres de cada
um. Se possível, faça com que os professores conheçam os familiares
antes do início das aulas.
2. Fazer uma entrevista com os pais e os alunos
Conhecendo para quem se trabalha
As matérias-primas de qualquer relação humana são o interesse, a
compreensão e o respeito. Para que a escola tenha uma parceria efetiva
com as famílias e direcione as ações que favoreçam a aprendizagem, ela
precisa saber quem é o seu público. O ato da matrícula é o momento
ideal para a primeira entrevista. Aborde assuntos como a história de
vida da criança e a experiência escolar anterior. Conversas
individuais com pai e mãe ao longo do ano ajudam a identificar as
habilidades dos alunos que possam ajudar professores e coordenadores a
traçar as melhores estratégias de ensino. "O princípio do educador é
acreditar no ser humano. Toda criança tem um potencial e a colaboração
com as famílias é um atalho para descobrir uma forma eficaz de cada
aluno avançar", afirma a psicopedagoga Valéria Dias Gomes, do Centro
Universitário do Triângulo, campus Uberlândia, a 550 quilômetros de
Belo Horizonte.
3. Assegurar a participação no projeto político pedagógico
Hora de expor o currículo e os projetos
No documento mais importante da escola, já devem estar previsas as
possíveis contribuições das famílias. Exemplos: pais, mães e avós
podem ser convidados para falar durante o desenvolvimento de
atividades sobre profissões e brincadeiras de infância. Dessa forma, a
escola valoriza os conhecimentos da comunidade e fortalece o vínculo
com ela. No projeto político pedagógico, podem estar listadas outras
ações institucionais, como campeonatos entre pais, oficinas em que a
família constrói brinquedos, rodas em que os pais contam histórias ou
escutam as lidas pelos alunos e os eventos de finalização dos projetos
desenvolvidos pelas turmas com a presença dos pais.
Assista a dois vídeos sobre a relação da família com a escola. Um
deles mostra opiniões de pais e mães sobre o relacionamento deles com
a escola. O outro traz entrevista sobre o tema com Heloisa Zymanski,
professora de Psicologia da Educação da PUC-SP
Reunião de pais
Foto: Leo Drumond
Foto: Leo Drumond
4. Ter uma pauta focada no processo de ensino
Eficaz para informar sobre a aprendizagem
"A reunião para falar mal dos estudantes e compartilhar somente
problemas não serve para nada. Os encontros devem mostrar as intenções
educativas da escola e a evolução da aprendizagem e discutir
estratégias conjuntas para melhorá-la", acredita Pedro de Carvalho da
Silva, da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais, em Portugal.
Durante a pesquisa As Escolas e as Famílias em Portugal - Realidade e
Perspectivas, com famílias consideradas ausentes da Educação dos
filhos, o professor verificou que o principal motivo da
não-participação era a pauta das reuniões: "Elas eram chamadas para
ouvir comentários negativos sobre os filhos ou sobre a maneira de
educar em casa". Na EE Leopoldo Miranda, em Belo Horizonte, o foco dos
encontros é sempre a aprendizagem. E isso desde a primeira reunião, em
que os pais dos 1,4 mil alunos ocupam o pátio da escola. No evento, a
diretora, Lilianne Marino (foto), entrega o calendário e as regras da
escola e apresenta o projeto político pedagógico. Ela faz um balanço
do ano anterior e informa sobre as metas, organizadas em uma planilha
e classificadas por cores: em verde estão as que foram atingidas e em
vermelho aquelas em que a escola precisa melhorar. Nas outras
reuniões, os pais são convidados para ver produções dos filhos e
recebem um relatório sobre os avanços na aprendizagem.
Ilustração: Sattu
Ilustração: Sattu
5. Marcar encontros em horários adequados para os pais
Respeito aos que trabalham fora
Uma medida simples e bastante eficiente para garantir uma reunião com
um quórum significativo é marcá-la em data e hora que permitam aos
pais comparecer. Todos sabem que homens e mulheres enfrentam duplas
jornadas, dividindo o dia entre os afazeres de casa e os
profissionais. Não adianta agendar a reunião para as 15 horas de uma
quarta-feira porque a sala ficará vazia. O ideal é fazer uma enquete
com as famílias para saber quais são os horários mais adequados à
maioria. Informe com antecedência o dia do encontro, assim como a
pauta, o tempo de duração e os momentos previstos para as falas de
pais, gestores e professores.
Assista a dois vídeos sobre a relação da família com a escola. Um
deles mostra opiniões de pais e mães sobre o relacionamento deles com
a escola. O outro traz entrevista sobre o tema com Heloisa Zymanski,
professora de Psicologia da Educação da PUC-SP
Comunicação
Ilustração: Sattu
Ilustração: Sattu
6. Dar visibilidade à produção dos alunos
Procedimentos para valorizar a aprendizagem
Ao compartilhar com a comunidade o que as crianças fazem em sala de
aula, os gestores mostram o que importa no processo. É possível expor
as produções dos alunos nos diferentes espaços da escola e da
comunidade durante o ano, de modo que todas as turmas tenham a
possibilidade de mostrar o que aprenderam. Assim, os alunos saberão
respeitar as atividades realizadas pelos colegas e os pais terão a
oportunidade de acompanhar a produção dos filhos. Port-fólios,
cadernos, avaliações e trabalhos coletivos e individuais são os
registros materiais que documentam os avanços da garotada. Eles devem
estar sempre em ordem, apresentáveis e disponíveis para os pais.
7. Informar a comunidade sobre o andamento da escola
Demonstração de respeito e transparência
Ferramentas tradicionais, como murais, bilhetes, diário dos alunos e
demais comunicados impressos, são instrumentos que servem para
informar sobre o funcionamento da escola, prestar contas, convocar
reuniões e compartilhar os projetos em andamento. Na era da
informática, as escolas com computador e acesso à internet podem ter
outros canais de comunicação que facilitem a interação. A criação do
site da escola com espaço para comentários dos visitantes, de listas
de discussão, fóruns e blogs é um exemplo. Os resultados de avaliações
como a Prova Brasil e as feitas por sistemas estaduais e municipais,
pela importância que têm para o diagnóstico da escola e o planejamento
de ações futuras, não devem ser comunicados por escrito. Eles merecem
ações mais formais de divulgação. Para eles, convoque uma reunião
específica com pais, funcionários e equipe pedagógica da escola para
discutir os dados.
Assista a dois vídeos sobre a relação da família com a escola. Um
deles mostra opiniões de pais e mães sobre o relacionamento deles com
a escola. O outro traz entrevista sobre o tema com Heloisa Zymanski,
professora de Psicologia da Educação da PUC-SP
Organizações de pais
Ilustração: Sattu
Ilustração: Sattu
8. Constituir a Associação de Pais e Mestres (APM)
Uma forte aliada para fazer uma boa escola
As APMs são organizações da sociedade civil que dão apoio às questões
financeiras em prol das necessidades pedagógicas e administrativas.
Enquanto os conselhos têm uma função basicamente consultiva, as APMs
constituem, pela sua natureza jurídica, os braços executores. Elas
podem receber recursos públicos vindos de programas oficiais - como o
Programa Dinheiro Direto na Escola, do governo federal, e outros
específicos das redes às quais pertencem - e têm a possibilidade de
arrecadar contribuições da comunidade. Além dos pais, elas serão mais
representativas se contarem com a presença de professores que ainda
estão na ativa e aposentados, alunos e ex-alunos que ainda mantenham
vínculo com a instituição e moradores e empresários da comunidade. A
participação deve ser aberta a todos os interessados. Contudo nada
impede que um convite pessoal seja feito para aqueles que acompanham
mais de perto a vida da escola. Algumas redes estaduais e municipais
têm normas que regulamentam a formação das APMs. Procure se informar
sobre o estatuto da sua região na Secretaria de Educação e procure os
materiais distribuídos gratuitamente pelo Ministério da Educação
(MEC).
Foto: Tamires Kopp
Foto: Tamires Kopp
9. Incentivar a participação no conselho escolar
O fórum ideal para definir rumos
É no conselho escolar que são debatidas a aplicação dos recursos
financeiros, a compra de materiais pedagógicos e as estratégias
adequadas para a superação dos mais variados problemas relacionados
com o dia a dia da instituição. Quando ele é bem estruturado, ajuda o
gestor a definir a personalidade da escola. Os conselheiros passam a
ser verdadeiros parceiros na tomada de decisões para a melhoria da
qualidade do ensino, tornando a gestão mais democrática. Algumas redes
têm normas que regulamentam a formação dos conselhos. O MEC também
disponibiliza material para a implantação nas escolas. O conselho da
EMEF Jean Piaget, em Porto Alegre, é muito ativo graças à integração
entre gestores e famílias. "Desde o início, chamamos para participar
pais e professores que tinham uma forte ligação com a escola e a
comunidade. Como estavam sempre presentes, já sabiam das necessidades
e estavam dispostos a colaborar por um objetivo comum", conta a
vice-diretora, Sabrina Garcez. Em uma das reuniões, os gestores
mostraram o quanto a evasão prejudicava a avaliação e a imagem da
escola. Os membros do conselho decidiram conversar com as famílias.
Foi assim que Mário Virgulino e Nilza Satim (em pé na foto)
conseguiram que Everton Gabriel Araujo, neto de Maria Lurdes Macedo,
retornasse às aulas. "Em dois anos, reduzimos em 95% a evasão e o
nosso projeto se tornou modelo para a cidade", afirma Paulo Alécio
Muhl, diretor da Jean Piaget.
Assista a dois vídeos sobre a relação da família com a escola. Um
deles mostra opiniões de pais e mães sobre o relacionamento deles com
a escola. O outro traz entrevista sobre o tema com Heloisa Zymanski,
professora de Psicologia da Educação da PUC-SP
Convívio social
Ilustração: Sattu
Ilustrações: Sattu
10. Disponibilizar os espaços par a realização de eventos
Um local público para uso da comunidade
A escola pode abrir a quadra, o pátio e até as salas de aula para pais
e vizinhos e oferecer atividades esportivas, culturais e sociais
quando esses ambientes não estiverem sendo utilizados pelos alunos.
Para que essa iniciativa dê certo, é preciso que a gestão estabeleça
normas claras e organize os horários adequados para garantir a
segurança dos usuários e do patrimônio, além da utilização compatível
com os objetivos da escola. Essa ação tem sido transformada em
políticas públicas por algumas redes, que a incentivam e dão subsído
para que ela aconteça, na medida em que atende a uma necessidade do
público por um lugar organizado para o lazer. A comunidade, por sua
vez, passa a respeitar o espaço que utiliza.
Ilustração: Sattu
11. Criar uma Escola de Pais com palestras e debates
Informações que ajudam a educar
"Sempre que possível, a escola deve ser uma referência para as
famílias, ajudando-as a compreender melhor os filhos e a realidade.
Ela pode levantar o debate sobre as questões sociais e culturais mais
presentes no cotidiano da comunidade", acredita Maria do Carmo Brant,
do Cenpec. Encontros com especialistas em saúde, nutrição,
aprendizagem, higiene e debates sobre violência e psicologia infantil
são assuntos que interessam a todos. Além disso, é uma forma de, por
meio da informação e da análise, favorecer a transformação do entorno.
12. Visitar as famílias dos alunos em casa
Ampliação do olhar sobre a comunidade
Sair da escola para conhecer o bairro, a residência e os pais dos
estudantes pode ser uma experiência e tanto para gestores e docentes.
Com essa prática, eventuais problemas de comportamento ou dificuldade
em sala de aula têm mais chances de ser compreendidos e resolvidos. Em
Taboão da Serra, município da Grande São Paulo, o Programa de
Interação Família e Escola, no qual professores e diretores visitam a
casa dos alunos, transformou a realidade do município e da Educação
local, melhorando a aprendizagem e reduzindo a evasão. Para que uma
iniciativa assim dê certo, é preciso organizar um calendário e
verificar quais membros da equipe estão dispostos a participar, assim
como as famílias que aceitam receber os educadores.
Foto: Armando Legal
Foto: Armando Legal
13. Promover festas e comemorações
Forma descontraída de estreitar o vínculo
Assim como as atividades esportivas e culturais, as festas não devem
ser as únicas oportunidades para contar com a presença de pais e mães
na escola. Contudo, elas são ótimas chances para criar uma relação
mais próxima e conversar sobre os filhos. As famílias mais presentes
até assumem a organização de eventos e outras iniciativas propostas
pela escola. Na EMEF Jesus de Nazaré, em Açailândia, a 600 quilômetros
de São Luís, pais como José Silva dos Santos estão sempre presentes
para ajudar no dia a dia da escola. Em eventos como a tradicional
Festa Junina, ele aproveita para pendurar bandeirinha com o professor
de Educação Física, Ezau Souza, e conversar sobre o desempenho do
filho. "A presença deles nas comemorações é só parte do que acontece
durante o ano todo", diz a diretora, Marta Gomes. A política de portas
abertas da gestora deixa os pais à vontade para que frequentem a
escola não somente nas reuniões, mas sempre que precisam tirar dúvidas
e se informar sobre os filhos. "Deixo claro que não há ninguém melhor
do que eles para cobrar o bom desempenho dos professores e da equipe
gestora." Porém alguns cuidados são necessários ao planejar as
comemorações: as festas não podem desrespeitar a liberdade religiosa
das famílias nem ter participação obrigatória.
Assista a dois vídeos sobre a relação da família com a escola. Um
deles mostra opiniões de pais e mães sobre o relacionamento deles com
a escola. O outro traz entrevista sobre o tema com Heloisa Zymanski,
professora de Psicologia da Educação da PUC-SP
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