quarta-feira, 27 de março de 2013

Sugestão de Adriana Silva Pensute - Aluna de Pedagogia - março /2013

RESUMO DA PALESTRA : RELAÇÕES ETNICO-RACIAIS AMPLIANDO OS HORIZONTES

Palestrante: Nilma Lino Gomes

Cada grupo tem a sua história, suas preocupações que as faz diferente uma das outras. Os movimentos sociais transformadores de saberes, funcionam como articuladores mobilizam à sociedade e os órgãos públicos a necessidade de tomada de decisão frente às diferenças, o Movimento Negro dentro dos contextos sociais propõem a luta na construção da democracia e igualdade, sendo sujeito coletivo lutando por identidade, defende direitos e ações que estão presentes em todas as regiões nacionais, enfocando sua história e tecendo nova construção de informações a cerca de seu grupo. Em 1985 com imensa manifestação pública, o movimento exigiu o direito à cidadania, a vida e a necessidade de ações afirmativas que originassem um novo processo de resgate compreendendo a desigualdade como anormal e excludente social. Nesse contexto, o debate sobre inclusão, diversidade e equidade na educação começou a ocupar um lugar mais destacado possibilitando indagações, problemáticas, desafios e redirecionamentos das políticas e das práticas realizadas pelo Ministério da Educação. Mas, muitas concepções racistas ainda estão presentes na atualidade e mantém sua força ideológicas não apenas entre a comunidade branca, mas entre parcelas significativas da comunidade negra. As teorias racistas presentes no cotidiano escolar e na sociedade não surgiram espontaneamente, nem são meras transposições de pensamento externo. Elas sofrem um processo de retroalimentação, e terminam por legitimar o racismo presente no imaginário social e na prática social e escolar. Embora rebatidas hoje por cientistas e intelectuais, do ponto de vista teórico, essas teorias estão ainda introjetadas no nosso imaginário e na nossa prática social. Assim, quando os professores se mostram admirados com o bom desempenho intelectual de um aluno negro, ou quando demonstram uma baixa expectativa em relação à competência dos seus colegas e alunos negros, podemos observar resquícios dessa corrente teórica presente em nosso imaginário social. Outra teoria que também se apresenta com muita intensidade na escola é a democracia racial. Em termos bastante semelhante àquela defendida pelo sociólogo Gilberto Freyre (1900-1987). Essa corrente ideológica, divulgada a partir da década de 30, traz um "alívio" à consciência da sociedade brasileira. Ela afirma que as diferentes raças/etnias formadoras da nossa sociedade convivem historicamente de forma harmoniosa e sem conflitos. A teoria privilegia o discurso da igualdade e omite as diferenças, dando margem à consideração de que falar sobre as diferenças é discriminar. Na escola, observamos a presença ideológica dessa teoria ao presenciarmos uma acrítica admiração pelo processo de miscigenação da sociedade brasileira e quando muitos educadores resistem a uma discussão sobre a questão racial afirmando que, no Brasil, as oportunidades são dadas a todos, independentemente da sua raça/etnia, e que se existe uma diferença a ser eliminada esta é a de classe social. O trabalho pedagógico ainda é realizado levando em consideração apenas a "boa vontade" dos docentes. A prática das professoras está distante de uma análise histórica, sociológica, política e antropológica Educação, raça e gênero... Sobre a diversidade étnico-cultural as opiniões giram em torno do senso comum e estão carregadas de um discurso racista. Analisando a realidade racial do Brasil percebemos que os cursos de formação de professores continuam lançando no mercado de trabalho, profissionais pertencentes aos diversos segmentos étnico-raciais, que não discutem e nem refletem sobre a diversidade étnico-cultural presente no processo escolar. É necessário que as pesquisas educacionais incorporem a centralidade da raça nos estudos sobre a realidade social brasileira. Os movimentos sociais, a luta da comunidade negra, das mulheres dos índios e outros exigem da escola o posicionamento e a adoção de práticas pedagógicas que contribuam na superação do racismo e da discriminação racial e de gênero. É preciso que se dê visibilidade às inúmeras práticas que o Movimento Negro já tem desenvolvido na educação. É necessário que os educadores compreendam que a luta pelo direito à igualdade social não elimina as diferenças étnico-raciais. E que o racismo não conseguiu apagar a dignidade dos sujeitos negros que em meio a este processo devastador continuam lutando pela preservação da sua identidade. De forma organizada, produzindo conhecimento de ou pedagogia multiracial, recriando questões estruturantes e estruturais, Saberes hereditários políticos e estéticos que produzidos pelas comunidades negras, fazem parte do processo de emancipação, distinção e construção social.


Palestra realizada em 19/03/2013 Museu de Artes e Ofícios /Praça da Estação.
Trilha Afro-Brasileira


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