sexta-feira, 14 de março de 2014

Sugestão de Sandra Coelho - Aluna de Pedagogia - março/2014


Em busca de qualificação
Professores de creche e de pré-escola voltam a estudar em cursos de nível médio ou superior, elevando a qualidade da Educação Infantil
Uma nova mentalidade vem ganhando força entre os professores de Educação Infantil: um número cada vez maior deles investe na própria formação. Parte dessa tendência se deve às recomendações contidas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), promulgada em 1996, que estabeleceu um prazo de dez anos para que apenas professores habilitados em nível superior sejam admitidos para lecionar na Educação Infantil e de 1ª a 4ª séries do Fundamental. É assegurado aos professores formados ou cursando Magistério em nível médio em 2007 o direito de continuar a dar aula nessas mesmas séries. 

O avanço se traduz em números. Em 2004, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do Ministério da Educação (MEC), já era de 32% a parcela de educadores de creche e pré-escola com diploma universitário - enquanto os que não têm sequer curso de magistério são só 9%.
 

A evolução é notável, levando-se em conta que foi somente depois da LDB que a Educação Infantil passou a ser considerada a primeira etapa da Educação Básica. Seguindo nessa direção, o que o futuro reserva aos professores da área? Uma valorização profissional jamais vista. "A lei atendeu a uma demanda da categoria", comemora Gisela Wajskop, diretora do Instituto Singularidades, em São Paulo. A capacitação está se ampliando e, para quem ingressa agora no mercado, a Educação Infantil começa a surgir como uma opção de carreira, com salários mais atraentes.
 
Novidades nas creches 

Se o trabalho em creche já foi subemprego para "mocinhas que têm jeito com crianças", hoje existem estudantes como Daiane Bispo Alves, 20 anos, que querem se dedicar totalmente ao trabalho. Ela faz o curso normal superior no Instituto Singularidades e já planeja estudar psicologia. "Antigamente, acreditava-se que cuidar de crianças era fácil... Hoje, sabemos que o berçário exige um olhar ainda mais apurado."
 

Os educadores das creches ainda são os mais carentes de informações e de capacitação, fruto de uma diferença histórica: "A atuação profissional na pré-escola é regulamentada desde 1975, oferecendo a possibilidade de habilitação formal", explica Beatriz Ferraz, coordenadora da Escola de Educadores, em São Paulo. Mas, só com a promulgação da LDB, passou-se a requerer formação específica para os colegas de creche.
 
Soluções em serviço 

Para acabar com esse atraso, surgiram várias iniciativas emergenciais de formação em serviço. Uma das mais abrangentes é o Programa de Formação Inicial de Professores em Exercício na Educação Infantil (Proinfantil), desenvolvido pelo MEC. Um piloto foi implantado em julho de 2005 em Sergipe e agora está aberto a outros estados. Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Piauí e Rondônia já aderiram. O Proinfantil dura dois anos e inclui as disciplinas do Ensino Médio regular e as específicas do magistério em Educação Infantil.
 

No município de São Paulo, foi realizado, entre 2002 e 2004, o programa ADI Magistério com o propósito de dar formação de nível médio e especialização às auxiliares de desenvolvimento infantil (ADIs). Após o curso, as ADIs ingressaram na carreira docente com a denominação de professoras de desenvolvimento infantil (PDIs) e tiveram aumento de até 50% nos salários.
 
Experiência valorizada 

"Comecei a trabalhar na creche como voluntária, porque tinha filhos pequenos lá. Nunca imaginei que fosse ficar na área", diz Sueli Cândida da Silva, ex-auxiliar e atual professora do Centro de Educação Infantil Santa Teresa, em São Paulo. Hoje, ela reúne sua experiência de 18 anos como profissional leiga - possuía apenas o Ensino Fundamental - com os conhecimentos adquiridos no programa de formação.
 

"Se antes alguém sugerisse dar pintura para os bebês, certamente eu responderia: 'Imagina, eles vão enfiar o pincel na boca!' ", brinca Solange Gonzalez Cordeiro dos Santos, que trabalha com Sueli. Antes de cursar o programa ADI Magistério, ela não possuía habilitação específica; contava apenas com o curso de nível médio. Apesar dos 16 anos de experiência, ela reconhece que tinha "uma visão limitada" de seu espaço de atuação em sala de aula.
 

Olhar a criança sob uma nova perspectiva é uma possibilidade mesmo para quem tem muita experiência. Depois de três décadas de trabalho em Educação Infantil - com formação apenas em magistério -, a professora Noeme Lino de Oliveira está completando o curso normal superior na Fundação Helena Antipoff, em Minas Gerais. Em vez de gozar sua aposentadoria, preferiu manter-se na ativa, lecionando no Colégio Batista Mineiro, em Belo Horizonte, para melhorar a qualidade de sua prática. Noeme está desenvolvendo com sua turma o projeto Vivendo Melhor, no qual trata de nutrição e bons hábitos de higiene. "O lanche e a escovação de dentes não são mais cuidados mecânicos, mas fazem parte do aprendizado." 
ACESSO DISPONÍVEL EM:13-03-14

Nenhum comentário:

Postar um comentário